Na primeira metade do século 15 o mundo conhecido terminava no norte da África. O limite era o estreito de Gibraltar, o canal entre a África e a Europa. Dizia-se que os mares abaixo daquela fronteira eram “um verde mar de escuridão”. Para decifrar esse mistério, o infante dom Henrique, irmão do rei de Portugal, resolveu enviar homens e navios para explorar o desconhecido. O primeiro explorador chamava-se Gil Eanes, que fez a primeira viagem em 1433. Foram necessários quase meio século para que os portugueses chegassem à altura de Angola e Namíbia (1480). Aos 38 anos de idade, Bartolomeu Dias chegou ao extremo sul do continente africano, onde as águas do Atlântico se misturam com as águas do Índico. Ali enfrentou uma terrível tempestade de 14 dias em alto-mar, e por conta disso, batizou aquela região de Cabo das Tormentas.
Vencidos todos os medos, reais e imaginários, foram feitas extraordinárias descobertas de significação para todo o mundo. Dez anos depois Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para as Índias (1498) e Pedro Álvares Cabral aportou no Brasil (1500). É digno de nota que Fernão Magalhães, de setembro de 1519 a setembro de 1522, fez a primeira viagem de circunavegação do globo. A praia das lágrimas (onde e quando se despedia da família e da pátria) tornou-se a praia da alegria ao regressarem em paz. Por ordem de D. João II, o Cabo das Tormentas, passou a ser chamado de Cabo da Boa Esperança, pois, a partir dali havia um mundo novo.
O soberano Deus, no exercício da sua Providência permite que passemos pelas “Tormentas da vida”. Ventos contrários e ondas bravias nos assaltam. Somos tentados a dizer: “Ó Mestre! O mar se revolta, as ondas nos dão pavor. O céu se reveste de trevas. Não temos um Salvador!”. No entanto, jamais devemos nos esquecer que as tempestades são pedagógicas. Há um propósito engendrado pela bondosa mão do Senhor. No momento oportuno, a bonança virá. Nosso destino não é a desgraça do naufrágio, mas a glória de chegar ao Novo Mundo. Para aquele que confia em Cristo, o Cabo das Tormentas, pode-se transformar em Cabo da Boa Esperança.
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