sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

KARL BARTH E A FEBRE DA RELEVÂNCIA!

Ser relevante é o sonho de consumo de muitas igrejas e seus pastores. Essa ânsia tem afetado diretamente a agenda da igreja e do ministério pastoral. Recordo-me de ter ouvido um afamado conferencista brasileiro dizer em alto e bom som (para o entusiasmo de muitos, infelizmente): “Púlpito não é lugar de ensinar doutrina, mas de explicar a vida”. Até hoje não sei como esse indivíduo consegue explicar a vida sem acessar as doutrinas cristãs. Mas o fato é que esse tipo de pensamento ganha cada vez mais adeptos. Em todo lugar, como uma epidemia, pastores e líderes querem a todo custo ser relevantes na sociedade. O leitor deve estar se perguntando: Qual o problema de querer ser relevante? Acompanhe o raciocínio.


Todo cidadão, sobretudo aqueles que exercem liderança, precisam estar informados dos acontecimentos e interpretá-los a partir de uma cosmovisão bíblica. O pastor não deve isolar-se e fazer da sua congregação um compartimento hermeticamente fechado. Na contramão desse tipo de postura, o notável teólogo alemão, Karl Barth, disse que os pastores e pregadores precisavam andar com a Bíblia em uma mão, e o jornal na outra (frase, também, atribuída a John Wesley). Concordo! A Bíblia comunica verdades proposicionais de Deus e seus atos na história da redenção. O jornal (e outros meios de comunicação) informa os acontecimentos do dia a dia. O desafio do pregador, entre outras coisas, é criar uma ponte entre o mundo bíblico e o mundo contemporâneo. Anunciar as verdades eternas fazendo aplicações práticas que tenham correlação com a vida das pessoas.


Todavia, o que temos visto, não é apenas o legítimo interesse pela informação, mas a corrupção do propósito dessa informação. No afã de trazer uma mensagem “atual” muitos estão padecendo da febre da relevância. Um fenômeno que está transformando o púlpito em uma espécie de balcão de informação. Alguns pastores surpreendem a congregação com uma desenvoltura jornalística de causar inveja em muitos profissionais de comunicação. Soube de um pastor que após o início da famigerada “crise financeira internacional” passou semanas ensinando a igreja acerca do mercado financeiro mundial. Isso incluiu um tour pela gênese das bolsas de valores, a história do sistema bancário global e temas afins. A Mirian Leitão e os demais comentaristas econômicos que se cuidem! Esses pastores são demais.


ESSA FEBRE PEGA, MAS TEM CURA.

Um dos episódios mais marcantes na vida de Karl Barth, sem dúvidas um dos mais notáveis teólogos do cristianismo, se deu logo após a eclosão da terrível Primeira Guerra Mundial, em 1914. Diante de uma situação tão terrível, Barth, à época sofrendo da febre da relevância, correu para o púlpito e por semanas falou sobre a violência da Guerra. Muitos diriam: “Que maravilha! É de pastores assim que a igreja precisa. Homens antenados com o que acontece no mundo. Gente bem informada!”


Ora, segundo a mentalidade relevanciana, somente um fundamentalista interiorano, insensível e obtuso pregaria sobre a soberania do Deus Eterno e a sua santa e sábia providência. Em um momento crítico como aquele só mesmo os tolos reacionários falariam sobre a encarnação, morte, ressurreição e exaltação de Cristo. “Isso não!” diria os adoradores da relevância. “Deixemos de lado essa coisa de arrependimento, confissão, santidade e esperança da volta triunfal do Senhor Jesus, o Filho de Deus”.


A realidade é que para os sedentos por relevância, a Bíblia é apenas ponto de partida para exposição de suas idéias sobre como criar um paraíso na terra. A cruz de Cristo, a gloriosa bandeira do evangelho, tem sido hasteada e lamentavelmente substituída pelo pano de chão das frivolidades. Embora haja temas e questões que tem importância e devem ser objetos de reflexão, nada é mais sublime e necessário para a vida da igreja do que a pessoa bendita de Jesus Cristo.


Karl Barth compartilha conosco em um de seus sermões, a sua experiência com a febre da relevância. “Em 1914, quando a eclosão da guerra deixou o mundo todo sem fôlego, senti-me obrigado a permitir a entrada dessa violência da guerra em todos os meus sermões até que finalmente uma mulher veio a mim e me suplicou que apenas uma vez eu falasse sobre alguma outra coisa e não constantemente sobre esse conflito terrível. Ela estava certa! Eu havia vergonhosamente esquecido a importância da submissão ao texto... Toda honra a relevância, mas os pastores deveriam ser bons atiradores que miram suas armas acima do monte da relevância”.


É BOM LEMBRAR...

No primeiro século da era cristã, Jesus dá início ao seu ministério público indo para Galiléia, uma região de gente pobre (com um baixo IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, segundo os jornais da época) e analfabeta. Os galileus, cujos problemas sociais e econômicos eram reais e perceptíveis, tiveram o privilégio de ouvir o primeiro sermão de Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado. Marcos registrou o escopo da mensagem: “(...) foi Jesus para Galiléia pregando o evangelho de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho”. (Marcos 1.14,15) Coitado dos oprimidos. Além de sofrerem terríveis males sociais, ainda vem esse tal de Jesus falando sobre arrependimento, diria alguém. Mas a história testemunha que aqueles que compreenderam a mensagem de Jesus, (naqueles dias e ainda hoje), tiveram suas vidas transformadas como nenhuma revolução política ou reforma social jamais poderia realizar.


A mensagem dos apóstolos do Senhor Jesus era essencialmente uma: “nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gregos” (1 Co 1.23). Estranha pregação! Tendo em vista que à época havia aproximadamente 60 milhões de escravos no império romano soa como inadmissível não falar de justiça social. Por que a igreja não foi mobilizada para fazer passeata em protesto contra escravatura?


Creio que os apóstolos de Jesus Cristo seriam acusados de serem pregadores irrelevantes, para não dizer, irresponsáveis e negligentes, caso vivessem nos dias atuais. Mas curiosamente, foi anunciando a irrelevante mensagem da cruz, ainda hoje loucura para os gregos e escândalos para os judeus, que eles humanizaram a desumana sociedade romana. O cristianismo revolucionou o mundo com uma mensagem que os filósofos e todos os doutos da época reputavam como sendo insignificante, abominável e irrelevante. A mensagem cristã parecia fascinar apenas os pobres e incautos, estigmatizados como massa ignara.


A ironia é que para ser realmente relevante, a igreja precisa anunciar a mensagem que o mundo julga, a despeito do favorável testemunho da história, como sendo irrelevante. A pregação das insondáveis riquezas de Cristo é o único poder efetivamente transformador. Todo restante é fiasco filosófico sepultada pela história com o epíteto de utopia fracassada.


Karl Barth se mostrou curado da febre da relevância ao dizer: “A igreja não é uma ferramenta para sustentar o mundo ou para promover o seu progresso. Ela não é um instrumento para servir ao velho ou ao novo. A igreja e a pregação não são ambulâncias no campo de batalha da vida.”

Senhores, cuidado com a febre da relevância.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

ADORE TE DEVOTE



Por Judiclay S. Santos

Adore te devote é um famoso hino, tradicionalmente atribuído a Tomas de Aquino (1225--74). A leitura deste hino revela, entre outras coisas, a abissal diferença entre a liturgia de ontem e a de hoje. A igreja contemporânea, tem sido tão empobrecida na sua liturgia que sua mediocridade chega a níveis intoleráveis. Estou cansado de ouvir canções rasas, insípidas e monocromáticas, e o pior de tudo, heréticas. Precisamos regressar as antigas veredas e cantar as Escrituras, usando os dons e talentos dados pelo bendito Deus para enaltecer seu nome e sua obra, na criação e na redenção.

Ouvir e cantar esses clássicos da hinódia cristã não significa despreza o presente nem negar o fato de temos bons compositores e excelentes músicos na atualidade (embora sejam poucos). O que pretendo dizer é que adoração não é apenas cantar, mas é fundamentalmente é reconhecer quem Deus é e o que ele tem feito e ser tomado por um senso de maravilha tal que sejamos inclinados a glorificá-lo com tudo o que temos e somos.

O hino ADORE TE DEVOTE está cheio de santa reverência diante do Eterno.

Eu Te adoro com afecto, Deus oculto,
que Te escondes nestas aparências.
A Ti sujeita-se o meu coração por inteiro
e desfalece ao Te contemplar.

À vista, o tacto e o gosto não Te alcançam,
mas só com o ouvir-Te firmemente creio.
Creio em tudo o que disse o Filho de Deus,
nada mais verdadeiro do que esta Palavra da Verdade.

Na cruz estava oculta somente a tua divindade,
mas aqui se esconde também a humanidade.
Eu, porém, crendo e confessando ambas,
peço-Te o que pediu o ladrão arrependido.

Tal como Tomé, também eu não vejo as tuas chagas,
mas confesso, Senhor, que és o meu Deus;
faz-me crer sempre mais em Ti,
esperar em Ti, amar-Te.

Ó memorial da morte do Senhor,
Pão Vivo que dás vida ao homem,
faz que meu pensamento sempre de Ti viva,
e que sempre lhe seja doce este saber.

Senhor Jesus, terno pelicano,
lava-me a mim, imundo, com teu sangue,
do qual uma só gota já pode
salvar o mundo de todos os pecados.

Jesus, a quem agora vejo sob véus,
peço-Te que se cumpra o que mais anseio:
que vendo o teu rosto descoberto,
seja eu feliz contemplando a tua glória.

Meus caros leitores, que o Deus de toda graça nos dê um coração, cujo maior anseio seja conhecê-lo, amá-lo e adorá-lo no tempo e na eternidade.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O MAL QUE HABITA EM MIM! (1)


Por Judiclay S Santos


O pecado é a maior força em operação no mundo, exceto o poder de Deus. Mas a sociedade dos homens nega isto e trabalha para eliminar esta verdade. A propaganda enganosa é que o pecado é: “invencionice da igreja para manter o controle social”, “neurose obsessiva que perturba e adoece”, “fraseologia do passado incompatível com a sociedade do século XXI”. A força do pecado vem sendo subestimada, inclusive por muitos cristãos influenciados pelo humanismo secular.


Todavia os males decorrentes do poder do pecado estão por todos os lados. É certo que, quase todos os males que afetam a vida humana tem sua raiz na própria natureza humana corrompida. “De onde procedem as guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?” [Tiago 4:1].


A teologia da Queda, que trata a entrada e as conseqüências do pecado no mundo é uma das mais distorcidas, depreciadas e odiadas das doutrinas cristãs. Mas como disse o pastor Lloyd-Jones – “a maneira de medir a altura do amor de Deus é antes de tudo medir à profundidade de nossa própria depravação como resultado da queda”. Penso que a falta de louvor e gratidão a Deus pela redenção em Cristo é porque muitos ignoram a natureza do pecado que separa o homem de Deus. “A doutrina do pecado original nos diz que nós não somos pecadores porque pecamos, mas pecamos porque somos pecadores, nascidos com uma natureza escravizada pela pecado... Nenhuma parte de nosso ser está isenta de pecado.” (A Bíblia de Genebra).


O reformador Martinho Lutero, ao pensar sobre o poder do pecado na vida humana concluiu que “para praticar boas obras, a natureza humana se rebela, se contorce e esperneia. Ao passo que, praticar más obras, ela o faz com facilidade e gosto”. Anos mais tarde, outro notável teólogo, o suíço Emil Brunner, afirmou que o “pecador não é aquele que tem algo podre, como uma manchinha podre de uma bela maça que se tira com a ponta da faca, mas aquele que é podre no cerne, infestado de podridão”.


O mal que habita em nós, a terrível força do pecado leva o cristão a clamar como Paulo: “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” O coração do apóstolo, inquieto e angustiado, só pôde sossegar ao dar “graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” [Cf. Romanos 7: 24-25a].

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A CELEBRAÇÃO DA ESTUPIDEZ NACIONAL


Por Judiclay S Santos

O Big Brother Brasil tem uma audiência que surpreende especialistas do mundo inteiro. Programas como o BBB existem em todo o mundo, mas só alcança índices altos de audiência em países como o Brasil, onde o cidadão vota para “eliminar” um bobão ou uma bobona qualquer, porém não se lembra em quem votou na última eleição.


É grande o desserviço que a Rede Globo vem prestando a nação brasileira. Uma organização que se ufana de ter um Q de qualidade, na verdade tem um E de esperteza. Estudos indicam que em cada “paredão”, com uma média de mais de 25 milhões de ligações, a Globo fatura milhões de reais (fora as outras fontes de receita), graças aos tolos de plantão. Em troca, o povo recebe entretenimento vazio, que em nada colabora para a sua formação. Na verdade o BBB tem sido uma grande escola, pelo menos para aqueles que querem aprender como ser falso, mentiroso, infiel, hipócrita, leviano, canalha, com todos os derivativos da falta de ética e imoralidade.



O brasileiro trabalha cinco meses do ano para pagar impostos que são usados, entre outras coisas, para sustentar a máquina pública tantas vezes emperrada por conta dos parasitas sanguessugas que lá estão. Como se isso não bastasse, esse mesmo povo sofrido, pega os seus recursos e numa única noite entrega a Globo oito milhões de reais. A sociedade dá audiência a esse tipo de patifaria televisiva e com isso contribui para a falência da família e dos valores morais e éticos.



Lamento ter que reconhecer que muitos cristãos negam a Jesus Cristo ao se prostrar diante da televisão para assistir o BBB. Os que assim procederam envergonham o Senhor andando no conselho dos ímpios, se detendo no caminho dos pecadores e se assentando na roda dos escarnecedores. Em nome do “não têm nada haver”, muitos crentes foram cúmplices nesse processo de degradação da nação brasileira.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

UM NOVO ÂNIMO NO ALVORECER DE 2012


O apóstolo Paulo, na menor de suas epístolas, faz um sincero pedido a Filemom: “Reanime o meu coração em Cristo”(20). Mesmo Paulo, um gigante da fé, estava cansado. Na ocasião ele estava preso em Roma e chama a si mesmo de “Paulo, o velho”. (9) Na esperança de ser libertado em breve, ele também pediu: “Prepara-me um aposento”. (22) Paulo aguardava dias melhores, um novo ânimo e liberdade.

Todo ser humano - santos e pecadores, está sujeito a perder o ânimo, “aquela força motriz que põe tudo em movimento”. O desafio é receber um novo ânimo para continuar a jornada. Moisés, o experiente líder de Israel, deu uma necessária palavra de encorajamento a Josué, seu sucessor na liderança do povo: “Não tenha medo! Não desanime!” (Dt 31.8) Moisés sabia que sem ânimo, não se sai do lugar, não se avança, não se conquista nada.

Muitos chegam exaustos ao final de um ano de muitos desafios. Esse cansaço pode não ser apenas físico – emocional, mas também espiritual. Ninguém é capaz de manter o ânimo em todo tempo e em todas as circunstâncias. É certo que uma boa saúde, uma boa situação financeira, um bom relacionamento familiar podem tornar o desânimo menos freqüente, todavia nossa humanidade nos torna sujeitos ao desânimo.

Se você está desanimado, saiba que Deus é a fonte de todo genuíno ânimo. Pouco importa se a causa é por você conhecida ou não, se é de dentro para fora ou de fora para dentro. Deus pode usar pessoas, como Paulo mesmo pressupõe ao pedir a Filemom; pode mudar situações para lhe dar um novo ânimo no alvorecer de 2012

Que o bendito e Santo Espírito de Deus, nos ajude a entender e a experimentar as verdades anunciadas pelo profeta Isaías:

“Aos cansados ele dá novas forças e enche de energias os fracos. Até os jovens se cansam, e moços tropeçam e caem; mas os que confiam no Deus Eterno recebem sempre novas forças. Voam nas alturas como águias, correm e não perdem as forças, andam e não se cansam.” Isaías 40.29-31