segunda-feira, 29 de setembro de 2008

MACHADO DE ASSIS, O GÊNIO DA LITERATURA BRASILEIRA

Joaquim Maria Machado de Assis foi um romancista, contista, poeta e teatrólogo brasileiro, considerado um dos mais importantes nomes da literatura desse país. Gênio da literatura nacional e mestre da língua portuguesa, foi o maior escritor afro-descendente de todos os tempos, segundo o crítico Harold Bloom.

Machado nasceu no Rio de
Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839, e faleceu também na capital fluminense, em 29 de setembro de 1908. Viveu durante o longo reinado de Dom Pedro II, assistiu à proclamação da República e testemunhou os primeiros anos do século XX. É impressionante, sobretudo levando em conta o contexto do século XIX, que o menino mulato, filho de um modesto pintor descendente de escravos com uma simples portuguesa tenha chegado aonde ele chegou. Órfão de mãe muito cedo, e do seu pai, também órfão aos 12 anos, foi criado no morro do Livramento, hoje morro da Providência, a mais antiga favela Carioca. Sem meios para cursos regulares, aprendeu a ler com a madrasta, estudou como pôde, e se mostrou um notável autodidata que aos quinze anos, em 1855 estreou na literatura, com a publicação do poema "Ela", conquistando a admiração e a amizade do romancista José de Alencar, principal escritor da época. Seu primeiro livro foi lançado em 1864, Crisálidas (poemas).

Seu casamento, em
1869, com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais, irmã do poeta Faustino Xavier de Novais, foi um fato importante em sua biografia. Carolina foi sua companheira perfeita durante 35 anos, tendo-lhe revelado os clássicos portugueses e vários autores de língua inglesa. Em 1873, ingressou no Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, como primeiro-oficial. Posteriormente, ascenderia na carreira de servidor público, aposentando-se no cargo de diretor do Ministério da Viação e Obras Públicas.Podendo dedicar-se com mais comodidade à carreira literária, escreveu uma série de livros de caráter romântico.

A chamada primeira fase de sua carreira, foi marcada pelas obras:
Ressurreição (1872), A Mão e a Luva (1874), Helena (1876), e Iaiá Garcia (1878), além das coletâneas de contos Contos Fluminenses (1870), , Histórias da Meia Noite (1873), das coletâneas de poesias Crisálidas (1864), Falenas (1870), Americanas (1875), e das peças Os Deuses de Casaca (1866), O Protocolo (1863), Queda que as Mulheres têm para os Tolos (1864) e Quase Ministro (1864).

Na segunda fase suas obras tinham caráter realista, tendo como características: a introspecção, o humor e o pessimismo com relação à essência do homem e seu relacionamento com o mundo. Da segunda fase, são obras principais:
Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1892), Dom Casmurro (1900), Esaú e Jacó (1904), Memorial de Aires (1908), além das coletâneas de contos Papéis Avulsos (1882), Várias Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1906), Relíquias da Casa Velha (1906), e da coletânea de poesias Ocidentais. Em 1904, morre Carolina Xavier de Novaes, e Machado de Assis escreve um de seus melhores poemas, Carolina, em homenagem à falecida esposa.

Era Machado o maior nome vivo da Literatura no Brasil, quando um grupo de jovens, capitaneados por
Lúcio de Mendonça resolve finalmente pôr em prática a idéia da fundação da Academia Brasileira de Letras nos moldes da Academia francesa. Machado foi seu primeiro presidente e seu discurso de fundação em 1887 revela sua intenção em participar da Academia:

“Senhores, Investindo-me no cargo de presidente, quisestes começar a Academia Brasileira de Letras pela consagração da idade. Se não sou o mais velho dos nossos colegas, estou entre os mais velhos. É simbólico da parte de uma instituição que conta viver, confiar da idade funções que mais de um espírito eminente exerceria melhor. Agora que vos agradeço a escolha, digo-vos que buscarei na medida do possível corresponder à vossa confiança. Não é preciso definir esta instituição. Iniciada por um moço, aceita e completada por moços, a Academia nasce com a alma nova e naturalmente ambiciosa. O vosso desejo é conservar, no meio da federação política, a unidade literária. Tal obra exige não só a compreensão pública, mas ainda e principalmente a vossa constância. A Academia Francesa, pela qual esta se modelou, sobrevive aos acontecimentos de toda a casta, às escolas literárias e às transformações civis. A vossa há de querer ter as mesmas feições de estabilidade e progresso. Já o batismo das suas cadeiras com os nomes preclaros e saudosos da ficção, da lírica, da crítica e da eloqüência nacionais é indício de que a tradição é o seu primeiro voto. Cabe-vos fazer com que ele perdure. Passai aos vossos sucessores o pensamento e a vontade iniciais, para que eles os transmitam também aos seus, e a vossa obra seja contada entre as sólidas e brilhantes páginas da nossa vida brasileira. Está aberta a sessão”.
Machado de Assis, 1897

Muito doente, solitário e triste depois da morte da esposa, Machado de Assis morreu em
29 de setembro de 1908, em sua velha casa no bairro carioca do Cosme Velho. Morreu cercado de fama e rodeado pelos amigos, na mesma cidade onde nascera, cidade que amara e retratara em sua extensa e valiosa obra.

O centenário da morte do escritor brasileiro Machado de Assis foi publicado no Diário Oficial da União, a
Lei nº 11.522, que institui 2008 como o Ano Nacional Machado de Assis, assinada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil. A exposição “Machado Vive!”, sob a égide da Academia Brasileira de Letras, com a curadoria de Alexei Bueno, é uma rica oportunidade para conhecer, nas palavras do acadêmico Cícero Sandroni, presidente da Academia Brasileira de Letras, “uma exaustiva iconografia do autor de Memórias póstumas de Brás Cubas, sua extensa bibliografia publicada em vida virtualmente completa, objetos que lhe pertenceram, relíquias da sua ambiência de criação e de trabalho, imagens do Rio de Janeiro pelo qual se movem quase todos os seus personagens, e no qual hoje nos movemos nós, eternamente ligados ao maior artista literário que ela deu para o Brasil e o mundo."

Penso que a melhor homenagem que podemos prestar ao maior gênio da literatura nacional é ler com devoção às suas primorosas obras e encorajar, com zelo e paixão, que os brasileiros conheçam esse ilustre mestre das letras. Compartilho aqui a minha experiência pessoal. Foi somente aos 23 anos de idade que li pela primeira vez uma obra de Machado de Assis (curiosamente, o seu primeiro romance, Ressurreição!). Comecei tarde, mas valeu e muito ter começado. Desde então, sou leitor assíduo, admirador apaixonado e incentivador fiel das obras de Machado de Assis, o príncipe da língua portuguesa.

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