quinta-feira, 8 de abril de 2010

DIVÓRCIO ENTRE A PALAVRA E O ESPÍRITO.

Há hoje, no cenário evangélico brasileiro dois modelos de espiritualidade cristã que se distanciam da proposta do evangelho porque separa a Palavra e o Espírito.

As igrejas históricas, de tradição e vínculo com o protestantismo histórico postulam um modelo de espiritualidade, essencialmente cognitivo, doutrinário. A ênfase está no conhecimento teológico, o que, por si só não é ruim. Mas, todo demasiado interesse na doutrina, no dogma transformou a teologia em uma coisa estéril, fria e morta. O escolaticismo protestante é uma triste realidade. A impressão que se têm quando se vai para esse extremo é que Deus é uma idéia, um conceito e não uma Pessoa com a qual podemos nos relacionar.

No extremo oposto, está o movimento pentecostal ou carismático que na verdade nasce como uma reação ao intelectualismo frio e ao racionalismo morto de algumas igrejas históricas. Mas o que se pode observa é que o modelo de espiritualidade cristã proposto pelo movimento pentecostal fica comprometido porque vai ao outro extremo.O problema das igrejas históricas é o racionalismo morto e frio, onde Deus é apresentado como uma idéia, um conceito.

No movimento carismático o risco é ceder ao emocionalismo, que é supremacia das emoções sobre a razão. Assim sendo, a experiência passa ser mais importante que doutrina. Deus é transformado em uma fonte de energia e poder com o qual eu me relaciono a fim de tirar alguma vantagem.

O movimento carismático julga deter o monopólio do Espírito. As igrejas históricas, o da Palavra. Ambos os modelos são deficientes, pois estão distantes da autêntica espiritualidade cristã. Não basta ter doutrina correta, a ortodoxia é insuficiente para suprir a nossa sede de Deus. De igual modo as experiências não são confiáveis se não passam pelo crivo das Escrituras.

Jonathan Edwards enfatizou bem a importância de se manter luz na mente e fogo no coração! Os puritanos, seguindo essa tradição se recusavam a aceitar o divórcio do conhecimento de Deus da experiência com Deus. No entendimento deles, a luz do entendimento estará sempre associada ao fogo do fervor espiritual e a presença desses dois elementos se revela nos afetos, no amor e na intimidade para com Deus.Portanto, o divórcio entre o Espírito e a Palavra deve ser evitado.

A orientação de John Stott, brilhante mestre da Igreja, é pertinente: “Nós precisamos ser uma Igreja fundamentada na Palavra e cheia do Espírito, pois ele age por meio dela. Devemos manter juntos a Palavra de Deus e o espírito de Deus. Isso porque, à parte do Espírito, a palavra está morta, ao passo que, à parte da Palavra o Espírito é desconhecido.”

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