segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O BRILHANTE JÜRGEN MOLTMANN E A TEOLOGIA DA ESPERANÇA

Confusão pessoal e convulsão social foram marcas distintivas da década de 60 do século passado. Tanto na Europa quanto nos EUA houve uma eclosão de múltiplas manifestações contra a guerra e em favor da paz mundial. Um período em que “questionar” era o verbo mais conjugado em um mundo em busca de novas respostas. Nesse período, os ateístas de plantão usavam o Holocausto e Hiroshima como plataforma para reivindicar o sepultamento definitivo do teísmo cristão. Segundo eles, havia provas suficientes contra a existência de Deus. Esse “ateísmo de protesto” floresceu em uma década onde aconteceu um acelerado declínio da teologia tradicional. Os grandes teólogos estavam falecendo e seus supostos sucessores, cooptados pelo espírito da época ecoavam o discurso do fim de Deus e assim incentivavam e ajudavam o mundo a ditar a agenda da igreja. Era uma adaptação ao sistema que empobrecia o cristianismo, na verdade o negava. A reação às forças de secularização se limitou a condenar o secularismo e a buscar um falso refúgio no confessionalismo antiintelectual marcado pelo misticismo do tipo fé cega. No entanto, o fideísmo, com sua absurda indiferença aos reais problemas da época era uma atitude irresponsável, e, portanto, irrelevante para responder aos desencantos de um mundo em crise.

Nesse perturbador cenário, nasce a Teologia da Esperança, título do livro escrito em 1965 por um professor alemão de 39 anos de idade chamado Jurgen Moltmann. Sua obra é tão brilhante que empresta o nome para uma corrente teológica que a partir de então ganha ampla notoriedade. Junto com outros pensadores, como seu colega e compatriota Wolfhart Pannenberg, Moltmann e os teólogos da esperança buscaram responder a terceira das três famosas perguntas de Kant em sua imortal obra Crítica da Razão Pura: o que posso saber? O que devo fazer? O que devo esperar? Com isso, “a teologia da esperança procurava um ponto de contato entre a cultura contemporânea e a escatologia da esperança que caracterizava a igreja primitiva”.

FATOS CURIOSOS
Jürgen Moltmann nasceu em Hamburgo, na Alemanha, em 1926. Criado em lar prostetante liberal, reconheceu ter recebido mais influência de Nietzsche e outros filósofos do que da Bíblia. Como a maioria dos jovens alemães ele lutou na 2ª Guerra Mundial. Capturado pelos ingleses em 1945, foi mantido prisioneiro até 1948. Nesse mesmo ano foi liberto e regressou a Alemanha. Mas Moltmann já não era o mesmo. A prisão, paradoxalmente, o libertara. Segundo seu próprio testemunho: “Nos campos da Bélgica e da Escócia, experimentei tanto o colapso das coisas que tinham sido certezas para mim como também uma nova esperança com a qual viver, oferecida pela fé cristã”.

Já na Alemanha estudou teologia e recebeu doutorado em 1952. Nesse mesmo ano serviu como pastor de uma pequena igreja Reformada até 1957. A partir daí seu trabalho foi fundamentalmente como professor de teologia sistemática. Primeiro em Wuppertal, na academia mantida pela Igreja Confessional. Depois, após uma breve passagem pela Universidade de Bonn, passou a lecionar na Universidade de Tubingen.

Moltmann é um escritor prolífico, Suas principais obras são:
- Teologia da Esperança;
- O Deus Crucificado;
- A Igreja na Força do Espírito;
- Conversão ao Futuro.
- A Trindade e o Reino de Deus

Embora haja pontos controversos em sua teologia, e algumas questões irreconciliáveis com a ortodoxia, Moltmann está entre os grandes teólogos do século 20. Certamente ele deu significativas contribuições que ainda hoje são úteis para ampliar a nossa compreensão sobre a teologia e a vida.

O Instituto Metodista Bennett, na ocasião das comemorações do seu aniversário de 120 anos fundação, está promovendo um grande evento teológico com tema Vida, Esperança e Justiça. Esse evento é uma realização do Instituto Metodista Bennett em parceria com o Instituto Metodista Granbery e o Instituto Mysterium.Dentre os conferencistas, Jurgen Moltmann se destaca. Aos 82 anos ele vem, salvo o engano, pela primeira vez ao Brasil. Sua palestra será no dia 28 de outubro de 2008 (amanhã), às 19h no Auditório Tucker – Instituto Metodista Bennett – à rua Marquês de Abrantes, 55 – Flamengo.
"A mediação entre a tradição do cristianismo e a cultura do tempo presente é a tarefa mais importante da teologia. Sem uma conexão viva com as possibilidades e os problemas do homem de hoje, a teologia cristã torna-se estéril e irrelevante. Mas, sem uma referência à tradição cristã, a teologia torna-se oportunista e acrítica". Moltmann

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