Ser relevante é o sonho de consumo de muitas igrejas e seus pastores. Essa ânsia tem afetado diretamente a agenda da igreja e do ministério pastoral. Recordo-me de ter ouvido um afamado conferencista brasileiro dizer em alto e bom som (para o entusiasmo de muitos): “Púlpito não é lugar de ensinar doutrina, mas de explicar a vida”. Até hoje não sei como esse indivíduo consegue explicar a vida sem acessar as doutrinas cristãs. Mas o fato é que esse tipo de pensamento ganha cada vez mais adeptos. Em todo lugar, como uma epidemia, pastores e líderes querem a todo custo ser relevantes na sociedade. O leitor deve estar se perguntando: Qual o problema de querer ser relevante? Acompanhe o raciocínio.
Todo cidadão, sobretudo aqueles que exercem liderança, precisam estar informados dos acontecimentos e interpretá-los a partir de uma cosmovisão bíblica. O pastor não deve isolar-se e fazer da sua congregação um compartimento hermeticamente fechado. Na contramão desse tipo de postura, o notável teólogo alemão, Karl Barth, disse que os pastores e pregadores precisavam andar com a Bíblia em uma mão, e o jornal na outra. Ele estava certo. Indubitavelmente a Bíblia comunica verdades proposicionais de Deus através da história e o jornal expõe os acontecimentos do dia a dia. O desafio do pregador, entre outras coisas, é criar uma ponte entre o mundo bíblico e o mundo contemporâneo. Anunciar as verdades eternas fazendo aplicações práticas que tenham correlação com a vida das pessoas.
Todavia, o que temos visto, não é apenas o legítimo interesse pela informação, mas a corrupção do propósito dessa informação. No afã de trazer uma mensagem “atual” muitos estão padecendo da febre da relevância. Um fenômeno que está transformando o púlpito em uma espécie de balcão de informação. Alguns pastores surpreendem a congregação com uma desenvoltura jornalística de causar inveja em muitos profissionais de comunicação. Soube de um pastor que após o início da famigerada “crise financeira internacional” passou semanas ensinando a igreja acerca do mercado financeiro mundial. Isso incluiu um tour pela gênese das bolsas de valores, a história do sistema bancário global e temas afins. A Mirian Leitão e os demais comentaristas econômicos que se cuidem! Esses pastores são demais.
ESSA FEBRE PEGA, MAS TEM CURA.
Um dos episódios mais marcantes na vida de Karl Barth, sem dúvidas um dos mais notáveis teólogos do cristianismo, se deu logo após a eclosão da terrível Primeira Guerra Mundial, em 1914. Diante de uma situação tão terrível, Barth, à época sofrendo da febre da relevância, correu para o púlpito e por semanas falou sobre a violência da Guerra. Muitos diriam: “Que maravilha! É de pastores assim que a igreja precisa. Homens antenados com o que acontece no mundo. Gente bem informada!”
Ora, segundo a mentalidade relevanciana, somente um fundamentalista interiorano, insensível e obtuso pregaria sobre a soberania do Deus Eterno e a sua santa e sábia providência. Em um momento crítico como aquele só mesmo os tolos reacionários falariam sobre a encarnação, morte, ressurreição e exaltação de Cristo. “Isso não!” diria os adoradores da relevância. “Deixemos de lado essa coisa de arrependimento, confissão, santidade e esperança na volta triunfal do Senhor Jesus, o Filho de Deus”.
A realidade é que para os sedentos por relevância, a Bíblia é apenas ponto de partida para exposição de suas idéias sobre como criar um paraíso na terra. A cruz de Cristo, a gloriosa bandeira do evangelho, tem sido hasteada e lamentavelmente substituída pelo pano de chão das frivolidades. Embora haja temas e questões que tem importância e devem ser objetos de reflexão, nada é mais sublime e necessário para a vida da igreja do que a pessoa bendita de Jesus Cristo.
Todo cidadão, sobretudo aqueles que exercem liderança, precisam estar informados dos acontecimentos e interpretá-los a partir de uma cosmovisão bíblica. O pastor não deve isolar-se e fazer da sua congregação um compartimento hermeticamente fechado. Na contramão desse tipo de postura, o notável teólogo alemão, Karl Barth, disse que os pastores e pregadores precisavam andar com a Bíblia em uma mão, e o jornal na outra. Ele estava certo. Indubitavelmente a Bíblia comunica verdades proposicionais de Deus através da história e o jornal expõe os acontecimentos do dia a dia. O desafio do pregador, entre outras coisas, é criar uma ponte entre o mundo bíblico e o mundo contemporâneo. Anunciar as verdades eternas fazendo aplicações práticas que tenham correlação com a vida das pessoas.
Todavia, o que temos visto, não é apenas o legítimo interesse pela informação, mas a corrupção do propósito dessa informação. No afã de trazer uma mensagem “atual” muitos estão padecendo da febre da relevância. Um fenômeno que está transformando o púlpito em uma espécie de balcão de informação. Alguns pastores surpreendem a congregação com uma desenvoltura jornalística de causar inveja em muitos profissionais de comunicação. Soube de um pastor que após o início da famigerada “crise financeira internacional” passou semanas ensinando a igreja acerca do mercado financeiro mundial. Isso incluiu um tour pela gênese das bolsas de valores, a história do sistema bancário global e temas afins. A Mirian Leitão e os demais comentaristas econômicos que se cuidem! Esses pastores são demais.
ESSA FEBRE PEGA, MAS TEM CURA.
Um dos episódios mais marcantes na vida de Karl Barth, sem dúvidas um dos mais notáveis teólogos do cristianismo, se deu logo após a eclosão da terrível Primeira Guerra Mundial, em 1914. Diante de uma situação tão terrível, Barth, à época sofrendo da febre da relevância, correu para o púlpito e por semanas falou sobre a violência da Guerra. Muitos diriam: “Que maravilha! É de pastores assim que a igreja precisa. Homens antenados com o que acontece no mundo. Gente bem informada!”
Ora, segundo a mentalidade relevanciana, somente um fundamentalista interiorano, insensível e obtuso pregaria sobre a soberania do Deus Eterno e a sua santa e sábia providência. Em um momento crítico como aquele só mesmo os tolos reacionários falariam sobre a encarnação, morte, ressurreição e exaltação de Cristo. “Isso não!” diria os adoradores da relevância. “Deixemos de lado essa coisa de arrependimento, confissão, santidade e esperança na volta triunfal do Senhor Jesus, o Filho de Deus”.
A realidade é que para os sedentos por relevância, a Bíblia é apenas ponto de partida para exposição de suas idéias sobre como criar um paraíso na terra. A cruz de Cristo, a gloriosa bandeira do evangelho, tem sido hasteada e lamentavelmente substituída pelo pano de chão das frivolidades. Embora haja temas e questões que tem importância e devem ser objetos de reflexão, nada é mais sublime e necessário para a vida da igreja do que a pessoa bendita de Jesus Cristo.
Karl Barth compartilha conosco em um de seus sermões, a sua experiência com a febre da relevância. “Em 1914, quando a eclosão da guerra deixou o mundo todo sem fôlego, senti-me obrigado a permitir a entrada dessa violência da guerra em todos os meus sermões até que finalmente uma mulher veio a mim e me suplicou que apenas uma vez eu falasse sobre alguma outra coisa e não constantemente sobre esse conflito terrível. Ela estava certa! Eu havia vergonhosamente esquecido a importância da submissão ao texto... Toda honra a relevância, mas os pastores deveriam ser bons atiradores que miram suas armas acima do monte da relevância”.
É BOM LEMBRAR...
No primeiro século da era cristã, Jesus dá início ao seu ministério público indo para Galiléia, uma região de gente pobre (com um baixo Índice de Desenvolvimento Humano, segundo os jornais da época) e analfabeta. Os galileus, cujos problemas sociais e econômicos eram reais e perceptíveis, tiveram o privilégio de ouvir o primeiro sermão de Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado. Marcos registrou o escopo da mensagem: “(...) foi Jesus para Galiléia pregando o evangelho de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho”. (Marcos 1.14,15) Coitado dos oprimidos. Além de sofrerem terríveis males sociais, ainda vem esse tal de Jesus falando sobre arrependimento, diria alguém. Mas a história testemunha que aqueles que compreenderam a mensagem de Jesus, (naqueles dias e ainda hoje), tiveram suas vidas transformadas como nenhuma revolução política ou reforma social jamais poderia realizar.
A mensagem dos apóstolos do Senhor Jesus era essencialmente uma: “nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gregos” (1 Co 1.23). Estranha pregação! Tendo em vista que à época havia aproximadamente 60 milhões de escravos no império romano soa como inadmissível não falar de justiça social. Por que a igreja não foi mobilizada para fazer passeata em protesto contra escravatura?
Creio que os apóstolos de Jesus Cristo seriam acusados de serem pregadores irrelevantes, para não dizer, irresponsáveis e negligentes, caso vivessem nos dias atuais. Mas curiosamente, foi anunciando a irrelevante mensagem da cruz, ainda hoje loucura para os gregos e escândalos para os judeus, que eles humanizaram a desumana sociedade romana. O cristianismo revolucionou o mundo com uma mensagem que os filósofos e todos os doutos da época reputavam como sendo insignificante, abominavelmente irrelevante. A mensagem cristã parecia fascinar apenas os pobres e incautos, estigmatizados como massa ignara.
A ironia é que para ser realmente relevante, a igreja precisa anunciar a mensagem que o mundo julga, a despeito do favorável testemunho da história, como sendo irrelevante. A pregação das insondáveis riquezas de Cristo é o único poder efetivamente transformador. Todo restante é fiasco filosófico sepultada pela história com o epíteto de utopia fracassada.
Karl Barth se mostrou curado da febre da relevância ao dizer: “A igreja não é uma ferramenta para sustentar o mundo ou para promover o seu progresso. Ela não é um instrumento para servir ao velho ou ao novo. A igreja e a pregação não são ambulâncias no campo de batalha da vida.”
Senhores, cuidado com a febre da relevância.
É BOM LEMBRAR...
No primeiro século da era cristã, Jesus dá início ao seu ministério público indo para Galiléia, uma região de gente pobre (com um baixo Índice de Desenvolvimento Humano, segundo os jornais da época) e analfabeta. Os galileus, cujos problemas sociais e econômicos eram reais e perceptíveis, tiveram o privilégio de ouvir o primeiro sermão de Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado. Marcos registrou o escopo da mensagem: “(...) foi Jesus para Galiléia pregando o evangelho de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho”. (Marcos 1.14,15) Coitado dos oprimidos. Além de sofrerem terríveis males sociais, ainda vem esse tal de Jesus falando sobre arrependimento, diria alguém. Mas a história testemunha que aqueles que compreenderam a mensagem de Jesus, (naqueles dias e ainda hoje), tiveram suas vidas transformadas como nenhuma revolução política ou reforma social jamais poderia realizar.
A mensagem dos apóstolos do Senhor Jesus era essencialmente uma: “nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gregos” (1 Co 1.23). Estranha pregação! Tendo em vista que à época havia aproximadamente 60 milhões de escravos no império romano soa como inadmissível não falar de justiça social. Por que a igreja não foi mobilizada para fazer passeata em protesto contra escravatura?
Creio que os apóstolos de Jesus Cristo seriam acusados de serem pregadores irrelevantes, para não dizer, irresponsáveis e negligentes, caso vivessem nos dias atuais. Mas curiosamente, foi anunciando a irrelevante mensagem da cruz, ainda hoje loucura para os gregos e escândalos para os judeus, que eles humanizaram a desumana sociedade romana. O cristianismo revolucionou o mundo com uma mensagem que os filósofos e todos os doutos da época reputavam como sendo insignificante, abominavelmente irrelevante. A mensagem cristã parecia fascinar apenas os pobres e incautos, estigmatizados como massa ignara.
A ironia é que para ser realmente relevante, a igreja precisa anunciar a mensagem que o mundo julga, a despeito do favorável testemunho da história, como sendo irrelevante. A pregação das insondáveis riquezas de Cristo é o único poder efetivamente transformador. Todo restante é fiasco filosófico sepultada pela história com o epíteto de utopia fracassada.
Karl Barth se mostrou curado da febre da relevância ao dizer: “A igreja não é uma ferramenta para sustentar o mundo ou para promover o seu progresso. Ela não é um instrumento para servir ao velho ou ao novo. A igreja e a pregação não são ambulâncias no campo de batalha da vida.”
Senhores, cuidado com a febre da relevância.
Um comentário:
Deus te abençoe pastor que continue nessa luta para nos alertar seja aqui no blog ou pastoreando
Deus te de força e sabedoria.
estamos orando nesse momento por sua família para que possamos jntos ser relevantes no nosso bairro, mas da maneira certa.
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