Por Thomas à Kempis (Século XV)
Aquelas coisas que o homem não aprova em si ou em outros, ele deve suportar pacientemente até que Deus ordene as coisas de outra forma. Talvez seja melhor assim para sua provação e paciência, sem as quais todas as nossas boas ações não devem ser muito valorizadas. Não obstante, você deve orar, quando tem tais impedimentos, para que Deus se digne ajudá-lo, e você possa suportá-lo com contentamento. Mt 6.13.
Se alguém que foi uma ou duas vezes avisado, não parar, não brigue com ele, mas entregue tudo a Deus, para que a vontade dele seja feita (Mt 6.10), e ele seja honrado em todos os seus servos, que bem sabem como fazer o mal se tornar em bem.
Procure ser paciente em tolerar os defeitos e enfermidades dos outros, sejam quais forem; pois você também tem muitas deficiências que precisam ser suportadas pelos outros (1 Ts 5.15; Gl 6.1)). Se você não consegue fazer-se o tipo de pessoa que você gostaria, como poderá conseguir que outra pessoa seja de seu gosto, em todas as coisas?
Nós teríamos gosto em aceitar que os outros fossem perfeitos, mas ainda assim não corrigimos nossos próprios defeitos. Queremos que os outros sejam corrigidos com severidade, e nós mesmos não aceitamos ser corrigidos. A grande liberdade dos outros nos desagrada, contudo não queremos que nos sejam negados nossos próprios desejos. Queremos os outros limitados por ordenanças, e nós mesmos não agüentamos mais nenhuma restrição.
Fica evidente, portanto, o quanto é raro pesarmos nosso próximo com a mesma balança que usamos para nos pesar.
Se todos os homens fossem perfeitos, o que teríamos que sofrer dos outros, por Deus? Mas Deus já o ordenou assim, para que aprendamos a levar os fardos uns dos outros (Gl 6.2). Ninguém é sem defeito, ninguém sem seu fardo, ninguém suficiente em si, ninguém suficientemente sábio sozinho. Mas devemos tolerar um ao outro, consolar um ao outro, ajudar, instruir e admoestar um ao outro (1Co 12.25; 1 Ts 5.14). As adversidades revelam melhor a medida da virtude que cada um tem, pois tais ocasiões não tornam o homem frágil, mas põem à descoberta a espécie de homem que ele é.
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