sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

LUZ PARA A SEGURANÇA PÚBLICA


A estatística oficial da violência no Estado do Rio de Janeiro revela que estamos vivendo uma grave crise social que demanda uma reavaliação da relação do governo com a sociedade. Provavelmente já chegamos à marca de 16. 000 mortes violentas em apenas 2 anos e um mes – cifra que causa espanto a povos desenvolvidos. Digna da nossa atenção. Considere sua magnitude, pense no valor que profana e procure mensurar a dor dos parentes das vítimas dessas mortes.

Num cenário como esse a sociedade tem o direito de exigir informação por parte dos seus governantes: “Todos têm o direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral...”. Somente com transparência por parte da Secretaria de Segurança Pública poderemos saber para onde a vida de milhares de pessoas está sendo conduzida, num contexto de conflitos sociais que têm características de guerra civil.
O que temos o direito de saber? Conhecer as repostas de 3 perguntas: Qual a meta do governo para a diminuição das mortes violentas? Como o governo pretende alcançar essa meta? O governo tem recursos para cumprir seus objetivos?

É dever também da autoridade pública nesse cenário de luto, perda do domínio de espaço público para o crime organizado, rajadas de fuzil em pessoas que estão na rua, execuções extra-judiciais e famílias dilaceradas pelo luto, tornar os números das mortes violentas conhecidos diariamente pelo todo da sociedade. A Secretaria de Segurança e o próprio governador têm a obrigação de conceder entrevistas coletivas regulares respondendo perguntas da sociedade civil e jornalistas. Essas questões seriam levantadas com base na meta e planejamento do governo. E caso perceba-se que os cronogramas não estão sendo alcançados, cabe por direito a essa mesma sociedade exigir o que se exige em toda qualquer empresa: revisão dos planos e/ou demissão dos ocupantes dos cargos. Queremos gestão.

Estamos enfrentando um problema social que exige a união da sociedade com os seus governantes. Temos que reconhecer que precisamos do governo, pois num estado democrático de direito as coisas estão dispostas de uma tal maneira que não se consegue nada sem o poder público. Temos que admitir, contudo, que bons governos salvam e maus governos matam. Por isso, somos inevitavelmente levados a reconhecer que o grande pensador suíço J. J. Rousseau estava certo ao dizer: “Quando alguém diz dos negócios do Estado que me importa? deve-se entender que o Estado está perdido”.

Há muito temos dito: “Que me importa?” As pessoas estão morrendo e não cobramos transparência por parte do governo. Por isso esses últimos meses tem sido os mais amargos da vida de milhares de conterrâneos nossos. Famílias inteiras arrasadas pela saudade do parente querido assassinado. Não sei como conseguimos conviver com isso. E na escuridão.

Antônio C. Costa
Presidente do Rio de Paz

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

TERMÔMETRO OU TERMOSTATO?

O termômetro é um instrumento inventado por Galileu no século 16. Trata-se de um aparelho que registra a temperatura, mas não pode alterá-la. O termômetro não tem poder de mudar o ambiente, muito pelo contrário, é afetado por ele. Está sempre subindo ou descendo de acordo com a temperatura. Mas o termostato, usado em aparelhos de ar condicionado e aquecedores, é um instrumento que tem a extraordinária capacidade de regular a temperatura ambiente impedindo-a de sofrer variação.

No que tange a vida cristã, somos termômetro ou termostato. Se você é termômetro, viverá sempre em altos e baixos espirituais, de acordo com as situações, ao sabor das circunstâncias. Mas o crente do tipo termostato, não vive de acordo com a inconstância das circunstâncias, mas, apesar delas, e acima delas.

O apóstolo Paulo era um crente do tipo termostato. Isso fica evidente quando ele mesmo diz: “aprendi a viver contente em toda e qualquer situação”. Filipenses 4.11 Ao fazer essa extraordinária declaração Paulo não está assumindo a postura dos estóicos que aspiravam a auto-suficiência. Para o estóico a eliminação de todo desejo e emoção era uma conquista humana que lhe permitia viver acima das circunstâncias. Todavia, não é isso que Paulo pretende. Ao tomar emprestada a palavra contente (autarkes), ele a transformou em algo totalmente diferente do homem auto-suficiente dos estóicos. O contentamento de Paulo mesmo em meio a circunstâncias terrivelmente desfavoráveis era um dom de Deus e não uma conquista humana. A capacidade de ser termostato é uma graça de Deus para todos quantos desfrutam da suficiência que há em Cristo.

Paulo era tão humano quanto nós. Homem de carne e osso que viveu situações difíceis, entretanto não se comportou como um termômetro. Seu contentamento incondicional era uma evidência de que em Jesus Cristo há força “termostática”, razão pela qual ele podia dizer: “tudo posso naquele que me fortalece”.
Que tipo de crente você é? Termômetro ou termostato?

COOPERADORES DA VERDADE

A terceira Carta de João é dirigida a Gaio, um respeitado presbítero da igreja, um excelente exemplo de atitude correta em relação aos missionários. A declaração de João é inspiradora:

“Amado procedes fielmente naquilo que praticas para com os irmãos, e isto fazes mesmo quando são estrangeiros, os quais, perante a igreja, deram testemunho do teu amor. Bem farás encaminhando-os em sua jornada por modo digno de Deus... para nos tornarmos cooperadores da verdade” III João 5-6,8a

João faz um sincero elogio a hospitalidade de Gaio para com os missionários itinerantes. Desde o primeiro século era muito comum aos evangelistas deixarem suas cidades para pregar o evangelho em outras regiões. No entanto, não havia uma “rede hoteleira” que pudesse recebê-los dignamente, mas apenas pequenas hospedarias insalubres, perigosas por conta dos assaltantes e de má reputação devido a freqüência de prostitutas. Assim sendo, a hospitalidade era um ministério de apoio à obra missionária, razão pela qual João encoraja tal prática em suas cartas. Gaio assumiu esse compromisso e os missionários voltavam dando testemunho do seu amor. Tratava-se de um cristão empenhado da proclamação do evangelho. Há um princípio aqui: Nosso envolvimento é proporcional ao nosso amor.

É curioso notar a recomendação do apóstolo João: “Bem farás encaminhando-os em sua jornada por modo digno de Deus”. Segundo Charles Dodd, um dos mais notáveis teólogos do século 19, a expressão “encaminhando-os em sua jornada” contêm um verbo que era “algo como um termo técnico das missões cristãs primitivas”, e isso implicava na “responsabilidade financeira pela viagem dos missionários”. A hospitalidade de Gaio, a sua disposição apoiar financeiramente os missionários evidencia o seu amor pelo Rei e pelo reino.

Meu querido irmão siga o exemplo de Gaio. Dê o seu apoio aos nossos missionários. Seja você alguém que “procedes fielmente naquilo que praticas com os irmãos”. Queira Deus que todos possam dar “testemunho do teu amor”. Seria uma bênção para sua própria vida se você estivesse engajado nesse ministério. Saiba de uma coisa, agindo assim, nos tornamos COOPERADORES DA VERDADE.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

CARNAVAL - A FESTA DA CARNE

A palavra carnaval deriva da expressão latina carne levare, que significa abstenção da carne. Este termo começou a circular por volta dos séculos XI e XII para designar a véspera da quarta-feira de cinzas, dia em que se inicia a exigência da abstenção de carne. Assim sendo, passou a significar a despedida da carne. Este significado indicava que no carnaval o consumo de carne era considerado lícito pela última vez antes dos dias do jejum quaresmal.

Historiadores vinculam a sua procedência às festas populares em honra aos deuses pagãos Baco e Saturno. Em Roma, realizavam-se comemorações em homenagem a Baco. Os famosos bacanais eram festas acompanhadas de muito vinho e orgias, e também caracterizadas pela alegria descabida, eliminação da repressão e da censura e liberdade de atitudes críticas e eróticas.

À luz das Escrituras o carnaval é uma festa pagã que celebra as paixões carnais. Muitos, por ignorância, não vêem problema algum por se tratar apenas de uma “festa cultural”. Todavia um exame criterioso indicará que o carnaval está associado à desordem, às drogas e à imoralidade (entre outras coisas que embora lícitas, não convém). No carnaval só há uma regra: É proibido proibir! Os antropólogos consideram-no "rito de inversão", momento em que valores e hierarquias são contravertidos. Dicionários registram que a palavra "carnaval" significa confusão, desordem, orgia, inconseqüência e irresponsabilidade.

O Brasil é mundialmente conhecido como o "País do Carnaval". Muitos se orgulham disso. É lamentável que essa "festa carnal" seja definida como cultural, uma espécie de identidade nacional. Para nós, os cristãos, a tristeza é ainda maior, porque sabemos que essa festa deriva da homenagem a um falso deus, Baco, patrono da orgia, da embriaguês, dos excessos da carne, cujas conseqüências são sempre danosas.

A Palavra de Deus diz que "os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz". (Rm. 8.5-6).

A GLOBO E O SEU JORNALISMO PRECONCEITUOSO

Durante a semana, a Rede Globo levou ao ar reportagens sobre os 200 anos de Darwin. Foi a “darwinlatria” esperada, com textos de louvor e nada de contestação séria ao “maior cientista de todos os tempos”. Hoje o Bom Dia Brasil levou ao ar um compacto da reportagem apresentada no Globo News, procurando - como faz a maior parte dos meios de comunicação - polarizar a discussão entre ciência e religião, evitando manter o assunto nos domínios da ciência empírica. Com isso, a emissora do BBB deixou mais do que evidente seu preconceito e falta de interesse em se aprofundar em certos temas desconhecidos e já cristalizados na cabeça dos editores. Infelizmente, eles não conhecem o criacionismo. Pensam que todos os criacionistas são fixistas e querem unir a Igreja e o Estado. Dão a impressão de que os maiores (e únicos) exemplos de criacionistas são os evangélicos da linha George Bush. Isso não é verdade. Infelizmente, nenhum meio de comunicação, nenhum repórter ainda se deu ao trabalho de investigar as nuances do assunto e abordá-lo com a seriedade e o mínimo de imparcialidade que ele requer.

O jornalista e professor Ruben Holdorf, do Unasp, enviou o seguinte e-mail à redação do Bom Dia Brasil:

“A ‘reportagem’ opinativa de Uchôa transmite a impressão preconceituosa de que os criacionistas não atuam na ciência, não fazem ciência, não acreditam na ciência. Tendenciosa e debochada, a dita ‘matéria’ não cumpriu com os requisitos básicos de um jornalismo que se preze. Deveria ouvir os dois lados. Não foi isso o que se percebeu. Nas matérias a respeito do darwinismo, muitos ‘cientistas’ foram ouvidos, mas na abordagem de hoje, o que se viu foi uma vergonhosa tentativa de ridicularizar o criacionismo. Por que Uchôa não foi à Universidade de Loma Linda verificar a engenharia de combate ao câncer desenvolvida pelos professores criacionistas? [Ou então, por que não conversou com o Dr. Ben Carson, um dos maiores neurocirurgiões do mundo, que faz boa ciência e é adventista e criacionista?] E que tal citar Harvard, Yale, Cornell e tantas outras como centros do saber com raízes confessionais no criacionismo? Por que a Globo não enjaulou Bento XVI entre os evolucionistas, também? Qual é o receio de se praticar um jornalismo de credibilidade com dignidade? O que se testemunhou nesta semana denigre ainda mais a imagem da profissão. É bem verdade que os repórteres e editores recebem ordens. Neste caso, todos os deméritos aos diretores e patrões. PS: Não foi a primeira vez que Uchôa se demonstra debochado com assuntos sérios. Quando da invasão do Iraque, ele afirmou ‘ser um prazer’ se encontrar naquela guerra. Lamentável!”

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

JOÃO CALVINO: SÍNTESE BIOGRÁFICA

Por Alderi Souza de Matos

1509: João Calvino nasceu em Noyon, nordeste da França, no dia 10 de julho. Seu pai, Gérard Cauvin, era advogado dos religiosos e secretário do bispo local. Sua mãe, Jeanne Lefranc, faleceu quando ele tinha cinco ou seis anos de idade. Por alguns anos, o menino conviveu e estudou com os filhos das famílias aristocráticas locais. Aos 12 anos, recebeu um benefício eclesiástico, cuja renda serviu-lhe como bolsa de estudos.

1523: Calvino foi residir em Paris, onde estudou latim e humanidades no Collège de la Marche e teologia no Collège de Montaigu. Em 1528, iniciou seus estudos jurídicos, primeiro em Orléans e depois em Bourges, onde também estudou grego com o erudito luterano Melchior Wolmar. Com a morte do pai em 1531, retornou a Paris e dedicou-se ao seu interesse predileto – a literatura clássica. No ano seguinte, publicou um comentário sobre o tratado de Lúcio Enéias Sêneca De Clementia.

1533: converteu-se à fé evangélica, provavelmente sob a influência do seu primo Robert Olivétan. No final desse ano, teve de fugir de Paris sob acusação de ser o co-autor de um discurso simpático aos protestantes, proferido por Nicholas Cop, o novo reitor da universidade. Refugiou-se na casa de um amigo em Angoulême, onde começou a escrever a sua principal obra teológica. Em 1534, voltou a Noyon e renunciou ao benefício eclesiástico. Escreveu o prefácio do Novo Testamento traduzido para o francês por Olivétan (1535).

1536: no mês de março foi publicada em Basiléia a primeira edição da Instituição da Religião Cristã (ou Institutas), introduzida por uma carta ao rei Francisco I da França contendo um apelo em favor dos evangélicos perseguidos. Alguns meses mais tarde, Calvino dirigia-se para Estrasburgo quando teve de fazer um desvio em virtude de manobras militares. Ao pernoitar em Genebra, o reformador suíço Guilherme Farel o convenceu a ajudá-lo naquela cidade, que apenas dois meses antes abraçara a Reforma Protestante (21-05). Logo, os dois líderes entraram em conflito com as autoridades civis de Genebra acerca de questões eclesiásticas (disciplina, adesão à confissão de fé e práticas litúrgicas), sendo expulsos da cidade.

1538: Calvino foi para Estrasburgo, onde residia o reformador Martin Bucer, e ali passou os três aos mais felizes da sua vida (1538-41). Pastoreou uma pequena igreja de refugiados franceses; lecionou em uma escola que serviria de modelo para a futura Academia de Genebra; participou de conferências que visavam aproximar protestantes e católicos. Escreveu amplamente: uma edição inteiramente revista das Institutas (1539), sua primeira tradução francesa (1541), um comentário da Epístola aos Romanos, a Resposta a Sadoleto (uma apologia da fé reformada) e outras obras. Em 1540, Calvino casou-se com uma de sua paroquianas, a viúva Idelette de Bure. Seu colega Farel oficiou a cerimônia.

1541: por volta da ocasião em que Calvino escreveu a sua Resposta a Sadoleto, o governo municipal de Genebra passou a ser controlado por amigos seus, que o convidaram a voltar. Após alguns meses de relutância, Calvino retornou à cidade no dia 13 de setembro de 1541 e foi nomeado pastor da antiga catedral de Saint Pierre. Logo em seguida, escreveu uma constituição para a igreja reformada de Genebra (as célebres Ordenanças Eclesiásticas), uma nova liturgia e um novo catecismo, que foram logo aprovados pelas autoridades civis. Nas Ordenanças, Calvino prescreveu quatro ofícios para a igreja: pastores, mestres, presbíteros e diáconos. Os dois primeiros constituíam a Venerável Companhia e os pastores e presbíteros formavam o controvertido Consistório.


Por causa de seu esforço em fazer da dissoluta Genebra uma cidade cristã, durante catorze anos (1541-55) Calvino travou grandes lutas com as autoridades e algumas famílias influentes (os “libertinos”). Nesse período, ele também enfrentou alguns adversários teológicos, o mais famoso de todos sendo o médico espanhol Miguel Serveto, que negava a doutrina da Trindade. Depois da fugir da Inquisição, Serveto foi parar em Genebra, onde acabou julgado e executado na fogueira em 1553. A participação de Calvino nesse episódio, ainda que compreensível à luz das circunstâncias da época, é triste mancha na biografia do grande reformador, mais tarde lamentada por seus seguidores.

1548: nesse ano ocorreu o falecimento de Idelette e Calvino nunca mais tornou a casar-se. O único filho que tiveram morreu ainda na infância. Não obstante, Calvino não ficou inteiramente só. Tinha muitos amigos, inclusive em outras regiões de Europa, com os quais trocava volumosa correspondência. Graças à sua liderança, Genebra tornou-se famosa e atraiu refugiados religiosos de todo o continente. Ao regressarem a seus países de origem, essas pessoas ampliaram ainda mais a influência de Calvino.

1555: os partidários de Calvino finalmente derrotaram os “libertinos.” Os conselhos municipais passaram a ser constituídos de homens que o apoiavam. Embora não tenha ocupado nenhum cargo governamental, Calvino exerceu enorme influência sobre a comunidade, não somente no aspecto moral e eclesiástico, mas em outras áreas. Ele ajudou a tornar mais humanas as leis da cidade, contribuiu para a criação de um sistema educacional acessível a todos e incentivou a formação de importantes entidades assistenciais como um hospital para carentes e um fundo de assistência aos estrangeiros pobres.

1559: nesse ano marcante, ocorreram vários eventos significativos. Calvino finalmente tornou-se um cidadão da sua cidade adotiva. Foi inaugurada a Academia de Genebra, embrião da futura universidade, destinada primordialmente à preparação de pastores reformados. No mesmo ano, Calvino publicou a última edição das Institutas. Ao longo desses anos, embora estivesse constantemente enfermo, desenvolveu intensa atividade como pastor, pregador, administrador, professor e escritor.

1564: João Calvino faleceu com quase 55 anos em 27 de maio de 1564. A seu pedido, foi sepultado discretamente em um local desconhecido, pois não queria que nada, inclusive possíveis homenagens póstumas à sua pessoa, obscurecesse a glória de Deus. Um dos emblemas que aparecem nas obras do reformador mostra uma mão segurando um coração e as palavras latinas “Cor meum tibi offero Domine, prompte et sincere” (O meu coração te ofereço, ó Senhor, de modo pronto e sincero).