quarta-feira, 12 de maio de 2010

A CARTA A DIOGNETO

A Carta a Diogneto é um documento de primeira grandeza e um patrimônio do cristianismo. Essa preciosa carta, fonte primária de conhecimento sobre a vida cristã, é digna de ser colocada entre as obras mais importantes da literatura cristã. Embora seu autor seja desconhecido, de acordo com os últimos estudos o destinatário mais provável seria o imperador Adriano, que exercia a função de arconte em Atenas desde 112 d.C.


Um pagão culto, desejoso de conhecer melhor a nova religião que se espalhava pelas províncias do império romano, impressionado pela maneira como os cristãos desprezavam o mundo, a morte e os deuses pagãos, pelo amor com que se amavam, queria saber: que Deus era aquele em quem confiavam e que gênero de culto lhe prestavam; de onde vinha aquela raça nova e por que razões apareceram na história tão tarde.Foi para responder a estas e outras questões de igual importância que nasceu esta jóia da literatura cristã primitiva, o escrito que conhecemos como Epístola a Diogneto. O texto se revela, simultaneamente, como crítica do paganismo e do judaísmo e defesa da superioridade do cristianismo.


Segue abaixo, um pequeno excerto da Epístola a Diogneto, o suficiente para provocar a nossa reflexão e inspirar a nossa fé.




Os cristãos, de fato, não se distinguem dos outros homens, nem por sua terra, nem por sua língua ou costumes. Com efeito, não moram em cidades próprias, nem falam língua estranha, nem têm algum modo especial de viver.


Sua doutrina não foi inventada por eles, graças ao talento e a especulação de homens curiosos, nem professam, como outros, algum ensinamento humano. Pelo contrário, vivendo em casa gregas e bárbaras, conforme a sorte de cada um, e adaptando-se aos costumes do lugar quanto à roupa, ao alimento e ao resto, testemunham um modo de vida admirável e, sem dúvida, paradoxal.


Vivem na sua pátria, mas como forasteiros; participam de tudo como cristãos e suportam tudo como estrangeiros.Toda pátria estrangeira é pátria deles, a cada pátria é estrangeira.

Casam-se como todos e geram filhos, mas não abandonam os recém-nascidos. Põe a mesa em comum, mas não o leito; estão na carne, mas não vivem segundo a carne; moram na terra, mas têm sua cidadania no céu; obedecem as leis estabelecidas, as com sua vida ultrapassam as leis; amam a todos e são perseguidos por todos; são desconhecidos e, apesar disso, condenados; são mortos e, deste modo, lhes é dada a vida; são pobres e enriquecem a muitos; carecem de tudo e tem abundância de tudo; são desprezados e, no desprezo, tornam-se glorificados; são amaldiçoados e, depois, proclamados justos; são injuriados, e bendizem; são maltratados, e honram; fazem o bem, e são punidos como malfeitores; são condenados, e se alegram como se recebessem a vida. Pelos judeus são combatidos como estrangeiros, pelos gregos são perseguidos, a aqueles que os odeiam não saberiam dizer o motivo do ódio.

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