A sociedade contemporânea é marcada pelo consumismo. Tudo parece girar
em torno do poder de compra, quer seja um produto ou um serviço. “Penso, logo
existo”, foi o que disse Descartes, famoso filósofo francês. Hoje sua frase
parece sem sentido, tendo em vista que a nova regra é: “Consumo, logo existo”.
As marcas desse comportamento têm sido objeto de estudo por muitos estudiosos
do comportamento humano, e podem ser observadas inclusive nas igrejas cristãs.
Uma das muitas tendências desse comportamento é ceder a tentação de ser
um consumidor do culto quando a proposta bíblica é que a pessoa seja um
adorador no culto. Mas qual é a diferença?
O adorador é alguém que foi regenerado pelo Espírito Santo e reconhece
Deus como Senhor soberano do universo que, em Cristo, aceita o pecador e lhe
concede a graça de chamá-lo de Pai. Portanto, como filho amado, ele anseia
fazer a vontade do seu Deus e Pai. O consumidor, é inconverso, não conhece a
Deus nem tão pouco está disposto a fazer sua vontade.
O adorador participa do culto coletivo com o objetivo de agradar “o
auditório de Um só”. Para tanto, ele se junta a outros adoradores na adoração
ao Deus Trino, Pai, Filho e Espírito Santo. O consumidor assiste o culto como
mais um na platéia e acha que o pastor e as demais pessoas “envolvidas” como
atores prestando um serviço religioso. Deus seria o ponto, o facilitador,
alguém responsável para que a platéia se satisfaça. Tal pessoa canta, mas não
adora, pois seu objetivo é ser entretido com as canções e discursos que
levantem sua auto-estima e o faça bem.
O adorador procura ser fiel a Deus ainda que isso, temporariamente,
custe a sua própria felicidade. O consumidor faz da felicidade seu alvo
supremo, mesmo que isso implique em infidelidade a Deus. O adorador é um servo
que busca a Deus para servi-lo. O consumidor é um tolo ignorante capaz de
cogitar a possibilidade de domesticar o Senhor, pretendendo fazer deste, um
servo de seus caprichos e vontades.
O adorador adora coletivamente, junto com os seus irmãos, mas também
individualmente, na privacidade do seu quarto. Não apenas aqui ou ali, mas em
todo lugar. Ele não vive em busca de lugar um sagrado onde Deus supostamente se
manifesta, mas entende que sua vida é um santuário onde Deus habita. O
consumidor vive atento às ofertas do mercado. Quando um santuário já não
satisfaz, ele busca outro, e depois outro, pois ele não quer participar do
culto, mas apenas consumir um culto.
Judiclay Silva Santos
Nenhum comentário:
Postar um comentário